Recuperando a brincadeira e o lazer: para uma crítica humanista e psicanalítica da vida adulta e da ética do trabalho
Resumen
A vida adulta é geralmente associada ao trabalho duro, em contraste com a infância e a velhice, associadas à brincadeira e ao lazer. Argumentamos que as normas dessa ideia de vida adulta bloqueiam a eudaimonia. Winnicott considerou a habilidade de brincar não apenas um critério da saúde mental (com sua falta indicando a doença), mas uma necessidade essencial de vida. Fromm considerou a realização conectada de relacionamento autêntico, trabalho produtivo, criatividade e espontaneidade como o caminho para a satisfação das necessidades psíquicas. Quando contrariadas, essas necessidades se manifestam em várias tendências neuróticas. Analisamos a capacidade de o trabalho burocraticamente padronizado facilitar o desenvolvimento do trabalhador à luz dessas considerações. Em algumas empresas, abordagens pós-fordistas de gestão têm sido usadas para navegar na tensão entre funcionamento autônomo e controle gerencial na criação de um ambiente propício à criatividade. Embora essa nova tendência corporativa seja um passo importante à frente, a mudança é muito circunscrita e a ênfase dominante na “produtividade” prejudica seus benefícios. A eudaimonia é mais bem realizada quando é tratada como importante por si só, ou seja, não apenas para aumentar a produção do trabalhador. Tanto Fromm quanto Winnicott queriam que o indivíduo não ficasse detido na compreensão de o que significa ser mentalmente saudável, mas sim no que significa estar real e humanamente vivo.
Abstract: Adulthood is often associated with hard work, in contrast to childhood and later life, which are associated with play and leisure. We argue that the norms that frame adulthood narrowly in hard work, instead of including play and leisure, hinder eudaimonia. Winnicott famously deemed the ability to play not just a constituent criterion of mental health (with a lack being indicative of illness) but an essential need of living. Fromm deemed the connected realisation of authentic relatedness, productive work, creativity, and spontaneity as the road to fulfilment of psychic needs; when thwarted, these needs manifest in various neurotic tendencies. We take their ideas to examine the capacity of bureaucratically standardised work and workplaces to facilitate the worker’s flourishing. In some organisations, post-Fordist approaches of management have been used to navigate the tension between autonomous functioning and managerial control to create an environment conducive for creativity. While the new corporate trend is an important step forward, the change is thus far too circumscribed, and the dominant emphasis on “productivity” sours and hinders its benefits. Eudaimonia is best realized when it is treated as important in its own right, not just for enhancing worker output. Both Fromm and Winnicott wanted us to not stop at understanding what it means to be mentally healthy but rather grasp what it means to be truly and humanly alive.
Keywords: Mental health. Psychoanalysis. Productivity. Humanism.
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