Por que a história importa para a democracia

  • John Keane Universidade de Sidney e Wissenschaftszentrum Berlin für Sozialforschung
Palavras-chave: Democracia, Teoria democrática, Futuro, História, Métodos

Resumo

Neste comentário crítico, John Keane defende, estende e reavalia o papel da história na teoria democrática por meio da articulação de sete regras metodológicas: (1) tratar a rememoração de coisas passadas como vital para o presente e o futuro da democracia; (2) encarar linguagens, personagens, eventos, instituições e efeitos da democracia como um modo de vida e de manuseio do poder profundamente históricos; (3) dedicar atenção aos modos pelos quais a narração do passado por historiadores, líderes e outros indivíduos é inevitavelmente um ato histórico e temporalmente circunscrito; (4) observar que os métodos mais adequados para a escrita sobre o passado, o presente e o futuro da democracia chamam atenção para a peculiaridade de suas próprias regras de interpretação; (5) reconhecer que, até muito recentemente, a maioria dos detalhes da história da democracia foi registrada por seus críticos; (6) notar que o tom negativo da maioria das histórias anteriores da democracia confirma a regra de que as histórias de seu passado, contadas por historiadores, costumam abarcar preconceitos dos poderosos; e (7) admitir que o papel da reflexão sobre o passado, o presente e o futuro da democracia é, por definição, uma jornada sem fim. Não pode haver uma teoria geral da democracia.

Tradução: Felipe Ziotti Narita. Versão revista e autorizada pelo autor.

Publicado
2020-06-28
Como Citar
KeaneJ. Por que a história importa para a democracia. Transições, v. 1, n. 1, p. 39-62, 28 jun. 2020.
Seção
Artigos