Homoerotismo e autoficção no conto “Linda, uma história horrível”, de Caio Fernando Abreu

Palavras-chave: Caio Fernando Abreu, Autoficção, Homoerotismo, Morte, Duplo

Resumo

Este artigo realiza uma análise do conto “Linda, uma história horrível”, que integra a coletânea Os dragões não conhecem o paraíso, de Caio Fernando Abreu, publicada em 1988. O objetivo inicial é demonstrar como alguns dados biográficos do autor parecem ter sido reutilizados na criação de sua narrativa ficcional, configurando uma espécie de autoficção, especialmente ao abordar a questão do homoerotismo. Em seguida, à luz dos conceitos de narrador e foco narrativo apresentados por Gérard Genette em Discurso da narrativa, a análise foca na maneira como Abreu trabalha a temática da morte, um elemento presente do início ao fim da narrativa. Por fim, com base nas teorias psicanalíticas esboçadas por Freud e retomadas por Lacan, examina-se a presença do duplo no conto, bem como a despersonalização do sujeito. Esta análise tem como objetivo, além de explorar a relação entre biografia e ficção, demonstrar que a duplicação se apresenta como uma forma de resistência do indivíduo à morte e ao esquecimento. Contudo, essa tentativa se mostra fadada ao fracasso, pois acaba conduzindo o sujeito à despersonalização e à sua transformação em objetos em decadência. Assim, o conto revela uma profunda reflexão sobre a identidade, a mortalidade e a inevitável deterioração do ser.

Publicado
2024-06-28
Como Citar
AlselmiA. L.; VicenteA. L. Homoerotismo e autoficção no conto “Linda, uma história horrível”, de Caio Fernando Abreu. Transições, v. 5, n. 1, p. 78-103, 28 jun. 2024.
Seção
Artigos