Da diké mística à dikaiosýne racional: a gênese e o desenvolvimento do conceito de justiça na Grécia Antiga
Resumo
Grande parte do referencial teórico ocidental tem sua origem no pensamento greco-romano. Esse artigo pretende apresentar e discutir uma dessas manifestações que o pensamento grego transmitiu ao ocidente: suas concepções de justiça. Nossa intenção principal é apresentar e discutir como e quando o temo grego Diké (justiça) foi substituído pelo termo Dikaiosýne para designar uma ação justa na cidade (Pólis) em um longo processo de transformações sociais, políticas, econômicas e culturais pelo qual passou sociedade grega entre os séculos VIII e V a.C. Para tanto, partimos do aparecimento dos termos mitológicos Thémis e Diké, presentes nas poesias de Homero e Hesíodo designando a justiça divina, passando pela modificação da Dike divina para a Diké cosmológica nos primeiros filósofos, os chamados pensadores pré-socráticos para, enfim, chegarmos à noção de Dikaiosýne, a justiça em Platão e Aristóteles como ação justa da alma (Psyché) na cidade (Pólis). Assim, fica claro que, para entendermos como se deu o surgimento e o desenvolvimento da noção de justiça na Grécia antiga e seu legado para o ocidente é necessário compreendermos a influência dos mitos, de sua literatura, sobretudo com relação ao conceito de justiça, bem como a recepção e interpretação dado aos mitos pela filosofia, principalmente com a formulação da filosofia de Platão e Aristóteles. Então, podemos afirmar que a compreensão do conceito de justiça e sua aplicação no ocidente está na passagem dos termos mitológicos de Thémis e Diké para a concepção de uma Diké cosmológica, no pensamento dos pré-socráticos, e desta para o termo Dikaiosýne em Platão e Aristóteles como ações justas na cidade (Pólis) como resultado da existência de uma alma também justa no indivíduo.
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